sábado, 24 de agosto de 2013

Desdobramento!

O desdobramento da descoberta
é a alegria
O desdobramento da procura
é a verdade
O desdobramento da maturidade
é a experiência
O desdobramento da beleza
é o encantamento
O desdobramento do cuidado
é a saúde
O desdobramento da riqueza
é a solidariedade
O desdobramento do trabalho
é a satisfação
O desdobramento da morte
é a vida
O desdobramento da vida
é o amor
O desdobramento do amor
é a amizade
O desdobramento da amizade
é a poesia.

Bicicleta.



Empresta-me tua bicicleta, por
alguns segundos.
Prometo devolvê-la, sã e salva,
depois do passeio.

Responsabilizo-me pelo prazer
das primeiras pedaladas,
dividirei contigo as surpresas
que encontrar pelo caminho.

Abismo?


Beira do abismo, estática,
sapatos rosa.
Penso no nada, penso no tudo
que poderá estar lá embaixo.
Escuro, obscuro.
 Exercito minha imaginação,
antes do primeiro passo.
Tudo de repente, ganha  movimento,
novas cores.
Corre, corre.
Deixo para trás, o que não era
um abismo.
O olhar agora é outro, infinito.

Talvez flores!


Nem fruta/Nem flor/
Estampam/Meu dia/Posam/Na mesa/
No lixo/Sem cor.

sábado, 17 de agosto de 2013

Duas!


Somos duas, mesmo quando na multidão, na
contramão da vida nos
enxergamos uma.

Não há necessidade de tempo, nos falamos,
falamos e as palavras voam de
nossas bocas e posam suavemente
em nossas faces como tatuagem.

Nos ouvimos no burburinho de outra e
outras vozes, e a cada ideia pincelada, dita,
derramada.
Nascem novos projetos, nascemos nós.

Intensos são nossos segundos, frente a frente
ou mesmo a distância,
pulsa em nós a essência de sermos duas.

Relevante, irrelevante, foi o  início
deste processo, as trocas via e-mails,
 os desabafos on-line.

Desconstruímos continuadamente
o que nos parecia ser certo, exato, na
consciência do mundo.

Carecíamos da necessidade de moldar o
até então não parido, seja no barro ou
no papel.

Almas amigas, assim parecemos ser,
duas ou uma, na
criação voraz das duas.


Juntos.


Lado a lado, um olhar, uma direção,
perspectivas diferentes, mas uma mesma
expectativa.

E os dois seres, lado a lado
contemplam a paisagem alheios
a movimentação do tempo.

Talvez indagam, o que a vida tem a  oferecer,
tudo ou nada, a vida não
brinca, ela sempre devolve
o que dão a ela.

Palhaço


Não me enganas, com este teu
sorriso largo, nariz vermelho,
olhar distante e mãos nervosas.

Palhaço! encanta-me mais é este teu
jeito enigmático, triste, tua fragilidade
escondida na gravata borboleta e em
seus sapatos gigantes.

Me agrada tentar desvendar os segredos
que existem sob a couraça que veste,
bem antes de entrar em cena.

Enquanto tudo gira, enquanto os
estalos das palmas, torna-se a melodia
do ato.

Acompanho contida, teus trejeitos,
tuas piruetas, teu desassossego
na tentativa vitoriosa de dar á luz, ao riso.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Dor

Ela, a dor chega de mansinho, sorrateira
se apropria de meu raciocínio, faz de
meu cérebro tua moradia.

Intensa se espalha como uma madona,
baila em minhas veias, tripudia de meus ossos
mas, não entrego-me.

Nem penso na possibilidade de perder
a guerra, posso perder a primeira batalha,
refaço meus planos, mudo minhas estratégias.

E a faço ver, que é tão frágil como eu
e neste embate, faço do ataque feroz
minha defesa.

Anjos.

Benditos sejam todos os anjos,
meus companheiros desta e de
outras jornadas.

A quem entrego minhas certezas, e dúvidas,
a quem aprendi a ouvir,
quando desperta ou em sonhos.

Anjos brincalhões, brincam de colorir os
meus dias e se afastam determinados,
quando exerço meu livre-arbítrio.

Anjos, anjos, meus anjos,
fazem parte de minha história, desde quando
eu era ainda, uma criança.

Cuidar!

Cuido de mim, como cuidaria de ti
se me fosse dado
o prazer de tê-lo, novamente
em meus braços.

Cuido de meus dias, com tal delicadeza,
como cuidaria de um velho bonzai,
deixado pelo caminho.

Cuido dos meus, em qualquer das estações do ano,
na primavera colho os sorrisos,
no verão a colheita são dos abraços.

Cuido de todos e uma vez ou outra,
deixo-me ser cuidada, adormeço no colo
da esperança e volto a ser criança.

sábado, 10 de agosto de 2013

Fé.



Não vou deixá-la nunca, pode acompanhar-me
aonde quiseres, jamais terei tão pura
 e complacente companhia.

Como uma flor!


A parte alheia de mim,
ri descaradamente das mazelas
de meu corpo.

Pensa que me engana, quando freneticamente
acaricia minha pele
quase sem cor.

Escancara sem sem piedade todos
os medos que estão guardados, lá no
fundo de meu peito.

Acorda-me no meio da noite
e me faz lembrar que mesmo hoje
acompanhada já estive só.

Esta parte abrigou-se inteira em meus poros,
embriagou-se em meu próprio cálice
fomos até companheiras.

Hoje exulta-se por pensar
que é a verdadeira dona de mim,
mas não é.

O porteiro de minha morada é um
senhor, chamado Eu.

Gato.


Não me olhe assim, doce gatinho,
eu não roubei os teus chocalhos.

Renda.


Rendo-me a folha que finge ser renda,
molhada de orvalho.

Tão bela!

Invejo-a em sua simplicidade, em sua
tagarelice no meio de outras.

Folha rendada, obra de Deus.

Viagem.



  Estou só em águas límpidas,
mas não subestime minha força,
nem tampouco meus sentimentos.

Nesta imensidão pequena 
diante da vida
encontro pedaços de minha memória.

Desvarios de mulher madura, aturo as impertinências
do cotidiano, me faço viajante e
acompanhante de meu próprio
sonho.

Estou no mar bandeira branca,
mas não busco a paz.

Vó Maria


Vó Maria tinha em seu quintal,
o mais lindo de de todos os pés
de jabuticabas, que eu conhecia até então.

Seus olhos negros pareciam duas
daquelas jabuticabas, 
daquele pé que tinha lá no seu quintal.

Vó Maria era tão doce, como doce era o licor
que fazia, das jabuticabas que eram colhidas 
do pé que tinha lá no seu quintal.

Vó Maria , as vezes, ficava azeda,
 como as jabuticabas
que caíam de maduras do
pé que tinha lá no seu quintal.

O sorriso de Vó Maria parecia o pé
de jabuticabas florido que tinha 
lá no seu quintal.

Vó Maria também era forte, com aquela
jabuticabeira que tinha
lá no seu quintal.

E como aconteceu com a jabuticabeira, 
que tinha lá no seu quintal,
Deus veio de mansinho e podou
para sempre o sorriso de Vó Maria.


E a levou para o céu.